The indefinite article certainly indicates not only someone who was freed from a disease, but anyone who needed liberation in their entire existential reality.

 

A leper. The indefinite article certainly indicates not only someone who was freed from a disease, but anyone who needed liberation in their entire existential reality. Leprosy was a terrible disease not only because of the disease itself, but also because of what was created from it: people with this disease were marginalized by society and even by the religious context (cf. Lev 13:1-2, 44-46). Because it was a transmissible disease, contact should be avoided as a matter of public health. In addition, there was a distorted religious discourse regarding those who had such a disease: anyone who had such a disease was, therefore, manifesting a life of sin. Such a person remained, therefore, without physical contact, without the affection and attention of family and friends, and was abandoned in the place reserved for lepers. If they recovered, they had to be presented to the priest in the Temple and then returned to society; otherwise, they would die abandoned. 2. Among themselves, the lepers formed a community of outcasts. Together, they were able to create unity, the fruit of their shared suffering. They could be Jews or foreigners, but despite their differences, they remained united in the same goal and interest in survival. In their pain, they learned the value of unity. Suffering was a true school for them. Today, more than ever, the world needs to look to the cross of Christ and add its pain to that of the Master, in order to enable a true inner transformation, in the family, through the community and even in society. Jesus showed solidarity with all humanity, especially with all those who suffer.

3. The leper recognized something more in Jesus. He did not only see a good man, but someone who possessed an extraordinary power never seen before, someone who loved and did good without fearing anything or anyone, he saw someone capable of making a difference in the world, he saw the Son of God. That is why his first act was one of total humiliation and recognition of Jesus' lordship over him. Kneeling down, he confirmed his faith in Jesus: "If you wish, you can heal me," demonstrating that liberating power comes only from Jesus. His gaze was so strong in the direction of the Savior that he did not even remember the rule of not approaching anyone. This means that only Jesus Christ is the absolute rule for Christians and for the world.

4. Jesus had compassion on that man, humiliated by illness and by his brothers, a clear demonstration of dissatisfaction with the inhuman code of purity, which, in the name of God, marginalizes and indirectly kills people. He was not afraid to mix with that sinner or to carry his impurity upon himself, because his desire is to liberate. He touches that leper, thus breaking, once again, that inhuman code. Jesus' action, in this case, reveals his desire for all humanity. In truth, He came into the world to save sinful man, bearing upon himself the impurities of a world fallen by sin, but capable of being transformed by His Power. He had no sin, but he took on the sins of all human beings and overcame them through the cross and resurrection.

5. Without violating human determinations, he orders the man to go and present himself to the priest, but not to tell anyone about what had happened. In the text of Mark 1:40-45 there are two different quotations: one that refers to “anger” and the other to the fact that Jesus “severely ordered”. In fact, the act of immediately sending away the one who had been healed reveals His anger against such a failed code, an enemy of human dignity. That man was disobedient! As soon as he left Jesus’ side, he proclaimed the wonders that had been worked in Him. Consequently, Jesus was condemned by the code of purity for having touched an impure person and, therefore, could no longer enter a city. But the people went out to meet Him, because in Him they had found true liberation from God.

Um leproso. Certamente o artigo indefinido quer indicar não somente alguém que foi liberto de uma doença, mas todo aquele que necessita de libertação em toda sua realidade existencial. A lepra era uma doença terrível não só pela doença em si, mas também pelo que foi montado a partir dela: as pessoas portadoras dessa doença eram marginalizadas pela sociedade e, até mesmo, pelo contexto religioso (cf. Lv 13,1-2.44-46). Pelo fato de ser uma doença transmissível, o contato deveria ser evitado como uma questão de saúde pública. Além disso, havia um discurso religioso deturpado quanto a quem se encontrava com tal doença: aquele que estivesse com tal doença, manifestava, por isso mesmo, uma vida de pecado. Tal pessoa permanecia, portanto, sem contato físico, sem o carinho e atenção de familiares e amigos, e era abandonada no lugar próprio dos leprosos. Se ficasse boa, deveria ser apresentada ao sacerdote no Templo e, depois retornar à sociedade; caso contrário, morreria abandonada.

 

2. Entre si, os leprosos formavam uma comunidade de rejeitados. Juntos, eram capazes de criar uma unidade, fruto do sofrimento comum vivido. Podiam ser judeus e estrangeiros, apesar das diferenças, mantinham-se unidos no mesmo objetivo e interesse de sobrevivência. Na dor, aprendiam o valor da unidade. O sofrimento era-lhes uma verdadeira escola. Hoje, mais do que nunca, o mundo necessita olhar para a cruz de Cristo e somar sua dor à do Mestre, a fim de possibilitar uma verdadeira transformação interior, na família, passando pela comunidade e, até mesmo, pela sociedade. Jesus se solidarizou com toda a humanidade, especialmente com todos os sofredores.

 

3. O leproso reconheceu algo mais em Jesus. Não viu somente o homem bom, mas alguém que possuía um poder extraordinário jamais visto, alguém que amava e fazia o bem sem temer nada nem ninguém, viu alguém capaz de fazer a diferença no mundo, viu o Filho de Deus. Por isso, seu primeiro gesto foi de humilhação total e reconhecimento do senhorio de Jesus sobre ele. Colocando-se de joelho, confirmou sua fé em Jesus: "Se queres tens o poder de curar-me", demonstrando que o poder libertador vem somente de Jesus. Seu olhar foi tão forte na direção do Salvador, que ele nem se lembrava da norma de não se aproximar de ninguém. Isso significa que somente Jesus Cristo é a norma absoluta para o cristão e para o mundo.

 

4. Jesus teve compaixão daquele homem, humilhado pela doença e pelos seus irmãos, uma clara demonstração de insatisfação com o código de pureza desumano, o qual, em nome de Deus, marginaliza e, indiretamente, mata as pessoas. Não temeu se misturar com aquele pecador nem carregar sua impureza sobre si, pois seu desejo é libertador. Toca aquele leproso, quebrando, assim, mais uma vez, tal código desumano. A ação de Jesus, nesse caso, revela seu querer para com toda a humanidade. Na verdade, Ele veio ao mundo para salvar o homem pecador, carregando sobre si as impurezas de um mundo decaído pelo pecado, mas capaz de ser transformado pelo Seu Poder. Não tinha pecado, mas assumiu os de todos os seres humanos e os venceu pela cruz e ressurreição.

 

5. Sem ferir as determinações humanas, ordena ao homem que vá se apresentar ao sacerdote, mas que não diga nada a ninguém sobre o ocorrido. No texto de Mc 1,40-45 há duas citações diferentes: uma que faz referência à “ira” e outra ao fato de Jesus “ordenar severamente”. Na verdade, a atitude de mandar logo embora aquele que foi curado revela Sua ira contra tal código falido, inimigo da dignidade humana. Aquele homem foi desobediente! Assim que saiu de perto de Jesus, proclamou as maravilhas nele operadas. Consequentemente, Jesus foi condenado pelo código de pureza pelo fato de ter tocado um impuro e, por isso, já não podia entrar mais numa cidade. Mas o povo sai ao Seu encontro, pois NELE encontrou a verdadeira libertação vinda de Deus.